segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Abortos

abertas sentinas,
fétidas flores olhando
(estupefatas).

os fetosfezes:
pedaços de nós,
restos de nada
que quando sólidos
põem inveja nos nossos
rarefeitos caracteres.

neste caso,
a descarga é uma vingança.

Merda:
olhamo-la de soslaio,
como Narcisos
receando o espelho.

3 comentários:

jorginho da hora disse...

Mesmo das fezes brota uma idéia

Poemas de Pedra disse...

Eu fiz este poema após ler um trecho de "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera, em que ele diz serem as privadas flores belas que ocultam um mar de podridão canalizada.
Não sei se já notaste, mas eu realmente dou pouco valor à idéia, ou a motivações concretas para os meus poemas. Eu sou daquele time que busca incessantemente boas imagens poéticas. Sou um pintor frustrado...

Poemas de Pedra disse...

Também é inútil ler-me buscando o que eu REALMENTE quis dizer, qual o NÚCLEO do poema, ou a sua VERDADEIRA intencionalidade. Na verdade eu acho que é perda de tempo ler qualquer coisa com estas visões centralistas. Embora não creia que a obra seja TOTALMENTE aberta.