quarta-feira, 26 de maio de 2010

12

Quebrei os espelhos,
E o corredor ficou estranho,
Pois já não era a minha réplica
Que povoava as paredes.

A face se perdeu,
Escoada em fissuras,
Mandalizada em desníveis na superfície
do vidro.

Visões serão tidas como disparates,
Até que o beijo da Aranha petrifique o Sol,
Emaranhando as verdades perfeitas numa teia
de cianureto e monóxido de carbono.

sábado, 22 de maio de 2010

11

Talvez se eu aceitasse o convite daquele maçon
Algo saísse diferente.
Talvez, se eu caísse na lábia daquele thelemita crowleyano-edipiano
Eu estivesse mais calmo por trás de alguma bandeira
Por trás de alguma barreira ou quebra-mar
Que me ocultasse essa tormenta
Que me poupasse desse tornado
Deixando-me apenas uma brisa suave na face.
Tantos já engrossaram as fileiras da Santa Madre Igreja,
Tantos já sucumbiram a ordem prescrita na bandeira verde-loura
Da pátria madrasta velha e sádica (ou mãe gentil?).
Tantos já afunilados
Tantos moídos e picados em pedaços deglutíveis
Tantos feitos papa rala...

A escuridão cerca o herói,
Uma chuva pesada vai cair,
Mas ele se mantêm, intrépido,
Apoiado em sua estranha flâmula
Esfarrapada pelo embate.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

10

Medusa: Rubens.


Lua crescente:
Lua propícia para investir no tirocínio,
Ou planejar um ilustre tiranocídio
Enquanto a maré cheia das ações
Levam gente fodida à bancarrota.

Fronteiras em sangue.
Os soldados fazem jus ao seu soldo,
Todos fiéis ao script, na lua crescente
Semi-plena.

o meu horóscopo diz que devo produzir.
Mais do que eu já produzo?!
Diz que devo semear.
Semear o que? Não há terra aqui,
E as frutas que restaram estão no merkkkado,
E as folhas tóxikkkas estão no mercado,
E eu mesmo estou no mercado
Produzindo e produzindo o velho lucro escroto.

O front e o poder estilhaçaram-se,
E agora estão em cada esquina.

Eu estou no cadafalso
E vejo a face do carrasco em cada homem e mulher,
E sangue grosso e quente escorrer pelas paredes.
O flower-power não deu certo,
O tiro de flor saiu pela culatra do cahimbo de haxixe
E ex-hippies são agora velhos neo-nazistas
Recrutadores de qualquer jovem lunátikkko
Que esteja disposto a esmagar uns crânios degenerados,
Tudo em nome da Humanidade Superior Melhorada.

Quando a última gota de espontaneidade estiver acimentada,
Quando o último e trêmulo graveto de individualidade for esmagado
Pelas botas militarescas da Ordem.
Quando o último sorriso verdadeiro for rotulado, classificado e tarifado,
Então será o fim.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Aos que sapateiam neste monturo.

Meus caros. Tentei fazer umas coisinhas visando organizar este monte de merda que me sai pelos poros involuntariamente, mas já desisti. Não tenho lá essas intimidades todas com o tal do blogger, a coisa foi embaralhando mais ainda, eu fui me estressando, e o resultado é que eu fiquei puto da vida. Sim, eu fico puto da vida com facilidade. Fumei uns 50 cigarros pensando em como separar a porra da minha produção de realismo fantástico, do que poderia ser considerado mais honesto e confessional, mas não tem jeito. Não consigo perder tempo com isso, afinal, ninguém lê nesta merda de Brasil, e não vale a pena esquentar muito a caixola. Portanto, a coisa vai ficando assim mesmo, como está, esta lama difusa e confusa, este pântano de sensações baratinadas embaralhadas abestalhadas embasbacadas, este mel amargo e podre, estas confissões de sub-literato. Se enquadrar em escola, e organizar escritos por gênero é para os filhotes bem-nutridos da elite, coisa de jovenzinhos rosados que têem o seu futuro sinanceiro garantido por alguma teta BEM suculenta, que vai o manter tranquilo e com tempo para suas efabulações bem-organizadas.
Além do mais, essa história de confessional/não confessional é uma boa de uma dicotomia imbecil-platonista. Tudo é confessional, meu PEIDO é confessional, minhas bandejas carregadas na choperia são confessionais. Afinal, que porra neste mundo não é confessional?
A coisa está aí, menos ou mais explícita, mais está aí, e NÃO É NON-SENSE!!!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Eli, Eli, Lama Sebachtâni!*



- Você nunca tira essa boina?

Numa sala de sobrado abandonado. Com luz débil. Claude entrevistava o andróide, cada um numa extremidade da mesa carcomida.
- Sim, cinco vezes na semana, exceto aos domingos. Isto faz parte de um intrincado sistema metafísico-filosófico-esotérico-culinário.
- Culinário?
- Sim, é a trans-cozinha, uma forma de se alimentar somente de alimentos provenientes do Tibet.
- Você compra alimentos no Tibet?!
- Eu, não. O Grão-Comprador da OBOMMA (Ordem Boinista Oculta e Muito, Muito Antiga.)
- E ele só traz alimentos?
- Não. Traz também um sumo secreto que nos eleva a um estado místico-noético.
- Sei, e Noético vem de Noé...
- Não! Vem de Nous.
- E o que é o Nous?
- É o além do além onde não há aqui nem além.
- Vocês são tri-loucos!
- Quadri.
- Como?
- Na OBOMMA o Ser é visto como entidade quaternária.
- Quem fundou esta Ordem?
- O Neruda. E o Borges afundou. Pirandello e Gogol irão desafundá-la. Só assim o Ciclo se fechará.
- Pirandello e Gogol...
- Sim, morreram. Mas uma seita milenar fundada por um pithecantropus erectus vem protegendo os seus descendentes através dos tempos.
- A função deles é essa?
- A missão.
- Então, porque a tal seita foi fundada tão antes de Gogol e Pirandello?
- Nós não cremos no tempo.
- Explique melhor.
- Daqui não passarás.
- Como?
- Daqui não passarás. Daqui não passarás. Daqui não...ZIIIIIIIIIIIIUUUUUuuuuuuuummmmmmmmmm...

O APEM (Andróide Para Entrevistas com a Mídia) desligou-se completamente. Cabeça pendente, queixo tocando o peito.
Claude, o entrevistador, sentiu uma imensa vontade de tirar-lhe a boina cinza ajustada perfeitamente à cabeça.

Tirou.

No topo da cabeça do andróide, Claude leu, numa tela LCD (Liquid Cristal Display), o que não soube ser pilhéria, melodrama, non-sense ou mistério profundo:


PAI, POR QUE ME ABANDONASTE?
BIP BIP BIP!...A mensagem foi substituída por uma contagem regressiva em números vermelhos que começou do 10.
Claude, subitamente ciente do que se tratava, catou sua bolsa, a boina cinza, seu bloquinho, e saiu do sobrado abandonado em disparada.
A explosão se deu no exato instante em que Claude escondia-se atrás de um container de lixo, de onde fugiram centenas de ratos alucinados.

*Este conto faz parte de minha safra Cyberpunk. Estilo pelo qual sou apaixonado. O curioso é que quando dou vazão à veia Cyberpunk, não consigo evitar o humor, ainda que seja um humour-noir. Eu já publiquei este conto aquino blog, mas gostaria muito que os que acompanham este blog o lessem com mais atenção, de preferência escutando algum som pesado, e com a mente cheia de qualquer coisa que a arranque da vibração ordinária (esta ditadora sádiKKKa!). O caso é que eu gosto muito do que fiz neste microconto...

sábado, 8 de maio de 2010

Um Encontro


Aquela mulher era tão estranha. E o mais estranho era que não havia nada de estranho em sua aparência. Era mais uma mendiga enlouquecida pela miséria extrema, entre tantas outras que há no centro da cidade.
Ela me disse que se chamava Diana, e que nos encontraríamos mais tarde.

Agora não consigo dormir. Estou sentada na cama, assustada.
O ar do quarto está saturado do perfume dela.
E o mais perturbador é que, quando repasso o nosso encontro na mente, meu ouvido interno reluta em substituir "meu nome é Diana", por "meu nome é Diabo".

terça-feira, 4 de maio de 2010

9

Baralhos abertos em pernas,
Significando a atual conjuntura
Através de um signo mutante.

Eu sou um hieróglifo à deriva.
Sem coluna de fogo indo à frente,
Mas com o Faraó e seu exército no encalço.

Sabe-me a lava e a saliva,
-também os lagos de lama-
Putrefaço a passos largos, como tudo.

Ideogramo-me em versos esquizos,
Forjados no forno azul da paranoia
Onde dormem juntos Dragão e Fênix.

Eu sou o joio e o trigo
Tantralizando-se em sexo alquímico
Entre fendas de concreto.

Algo sobre terror noturno



Ok, my friends, aqui vai um repente num intervalo de aula, no estilo twiter.
Quando eu era criança, não dormia jamais com a luz apagada. Tinha um medo irracional do escuro. Mas não de qualquer escuro, mas do escuro da hora de dormir, quando eu sei que todo mundo dorme, e as fortalezas do mundo estão mais vulneráveis.
Cresci, consegui dormir com a luz apagada, mas algo mais terrível me atingiu. Por vezes eu acordava gritando, apavorado, totalmente indiferente a tentativas de consolo.
Uns dois anos após o início dos episódios, a minha família assistia ao Globo Repórter, que na ocasião falava sobre distúrbios do sono (e não sobre bichos ou dietas). Qual não foi a minha surpresa ao atravessar a sala e ver a cena que brotava da tela: um garoto mais ou menos da minha idade, de pé sobre a cama, gritava apavorado, totalmente indiferente às tentativas de consolo. Não era pesadelo, não era simples medo, senhoras e senhores, descobri-me portador de TERROR NOTURNO!

Eis a descrição enciclopædica:


Terror Noturno
Pesadelos são parte da natureza humana, entretanto, existe um tipo raro de fenômeno ameaçador durante o sono que não é exatamente como um pesadelo. Ele é chamado de "terror noturno"ou "Pavor Nocturnus" e é um severo distúrbio do sono, consistindo de ataques de terror agudo emergindo do sono profundo sem sonhos. É acompanhado por violentos movimentos corporais, agitação extrema, gritos, gemidos, falta de ar, suor, confusão, e em alguns casos, fuga da cama ou do quarto, comportamento destrutivo e agressão dirigida a objetos ou contra eles mesmos ou outras pessoas. Feridas, fraturas e lesões podem ocrrer em consequência.
O terror noturno ocorre durante a fase do sono não-REM, geralmente dentro de uma hora após o sujeito ir para a cama. Um episódio pode acontecer em qualquer lugar e durar de cinco a vinte minutos enquanto o sujeito ainda está sonolento. Os olhos podem se abrir. O paciente geralmente é incapaz de se lembrar de qualquer coisa após o acontecido.
Terror noturno pode coincidir com sonambulismo, em cujo caso andar e correr ocorre em conjunção com gritos, saltos e agitação violenta.
Durante o ataque de terror noturno, existe uma superativação do sistema nervoso autônomo simpático, incluindo dilatação das pupilas, sudorese, aumento nas taxas respirátórias e cardíaca, e aumento na pressão arterial. A taxa do coração (taquicardia) pode aumentar até 160 a 170 batimentos por minuto (o normal geralmente é de 60 a 100 no adulto), os quais são maiores que aqueles ocorrendo durante os episódios de estresse mais severos.
Fonte:http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2003/g3/terror.html

Pois bem, o caso ficou guardado como um segredo de família. Os episódios se repetiam duas a três vezes ao ano, e eu segui a vida aceitando mais esta esuisitice.

Eu jamais consegui me recordar de algo racional que tivesse provocado o pavor. Mas depois que me engajei em estripulias tântrico-psíquicas (e depois que li "A Ilha, de Huxley), resolvi tentar me reportar ao momento do episódio mais recente. Resultado: eu conseguia evocar o pavor em toda sua substancialidade. Pavor puro, com tudo que acarreta.
Mas durante tais experiências eu me mantia plenamente desperto (quem pratica zazen sabe o que isso significa), e jamais o episódio me "obsediou" enquanto eu estava em vigília, o que já me enquadraria numa esquizofrenia ou adjacências. A experiência REAL era inimitável.

Por volta dos 18 anos, eu já tinha lido muita coisa a respeito de técnicas do êxtase, enteógenos, xamanismo, respiração holotrópica, mito da MENTE NORMAL e afins. Não demorou para eu chegar à conclusão de que eu era assaltado por um estado não-ordinário de consciência, só que contra a minha vontade. Uma espécie de narco-anarco-transe não passível de indução.

Ante a total impotência da minha parte na direção de analisar, induzir ou julgar o fenômeno, deixei a coisa entregue ao laissez faire.
Nesse ínterim, foi-se desenvolvendo meu apreço por filmes de terror. Eu os assisti aos montes, até que um dia, na casa de minha avó, com meu tio Jorge, assisti ao filme "O Último Portal", de Roman Polanski. Decobri-me fascinado por aquele estilo de obra, cuja etiqueta de prateleira viria a descobrir mais tarde: Horror Psicológico.
Ora, não era justamente isto que eu experimentava durante os meus episódios noturnos? Um horror aparentemente sem justificativas externas a mim, um horror puramente psicológico? Como pesquisador ávido, e auto-didata voraz, não demorou para que me deparasse com o nome do senhor Howard Philips Lovecraft, o autor do seguinte recorte:

"A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses fatos e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária."

O curioso é que nesse tempo todo eu jamais pensei em buscar a "cura" para a minha enfermidade. E em vez de correr atrás de obras e pesquisas que apontassem para a eliminação dos episódios, eu passei a me interessar mais ainda pela literatura do horror psicológico, considerando-a enteógenos verbais.



Aos 23 anos fui surpreendido por mais um episódio de pavor noturno, que teve a peculiaridade de durar mais que os anteriores.



No outro dia na velha tentativa de recordar proustianamente do ocorrido, me senti irresistivelmente movido a escrever. Claro que não tinha nada de objetivo a escrever. Escreveria qualquer coisa. Assim surgiu um poema que destoava de todos os espécimes da minha pequena monhtanha de versos adolescentes. A sensação geral evocada não se apresentava somente ao meu cérebro. Tomava-me por inteiro, e servia de combustível para os escritos. Mas é bom ressaltar que quando escrevo, não procuro deixar o leitor com medo, ou expressar em palavras o medo que senti. Mesmo por que não sei precisar a sensação dos episódios como MEDO. Inclusive percebo claramente a fronteira que separa a sensação do pavor noturno, do medo quotidiano que todos nós sentimos em meio à urbis.



Ainda hoje eu percebo que meus episódios influenciam de certa forma a minha escrita, que se tornou progresssivamente menos "realista" e explicitamente confessional. (Embora eu ache-a mais realista e confessional do que quase tudo que vejo em obras hodiernas). Mas tal influência não se dá mais como quando daquele episódio dos 23 anos, pois agora eu tento seguir o fio (torto) da meada de uma poética, e desenvolvê-la apartir disso.



E para os que acharem que eu estou apenas inventando uma patologiazinha visando parecer mais problematicozinho pseudo-lovecraftiano, perguntem ao quadrinista/escritor/desenhista/ilustrador Jorginho (http://bostamcity.blogspot.com/), que é meu tio, e presenciou o meu último episódio de terror noturno.



Abraço a todos, e fiquem com o tal poema pós-episódio de terror noturno:



Há visões noturnas,

há sonhos asfixiantes,

há gritos na madrugada

e a cama inundada em suor.

Mas àquele que vencer

será dado o Selo de Caim,

os Olhos da Serpente,

o Fogo Prometeico,

& a Cauda do Portador da Luz.

E ele habitará a Terra de Nod,

onde brotam nascentes

com a doce saliva de Sophia.

Mas cuidado,

os guardiões da Fonte são de fogo,

e seus gládios, impiedosos.

Declame a sentença correta,

e jamais esquecerás de quem tu és.





NOTAS:

1.Para melhor fruição do poema, pesquise sobre o mito do Rio Letes e seus Guradiões; Prometeu; e sobre o mito de Caim e a Terra da Fuga.

2.De tudo isso não decorre que minha produção é resultado de um processo simplista. Expus aqui apenas um recorte do meu processo de criação.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Robert Anton Wilson: Tornar-se O Que Se É



...vivemos em um mundo onde uma multiplicidade de forças muito poderosas tem atuado sobre nós. Do nascimento, passando pela escola, até o trabalho, tentam suprimir nossa individualidade, nossa criatividade e, acima de tudo, nossa curiosidade – em suma, destruir tudo que nos encoraja a pensar por nós mesmos.

Nossos pais queriam que nós agíssemos como as outras crianças da vizinhança; eles enfaticamente não queriam um menino ou uma menina que parecessem “estranhos” ou “diferentes”, tampouco “condenavelmente espertos demais.”

Então entramos na escola, um destino pior que a morte e o inferno combinados. Ao aterrissarmos em uma escola, aprendemos duas lições básicas: 1) Existe uma resposta correta para qualquer questão; 2) A educação consiste em memorizar essa única resposta correta e regurgitá-la nas “provas”.

As mesmas táticas continuam pelo ensino médio e, salvo em algumas ciências, até a universidade.

Através desta “educação” encontramo-nos bombardeados pela religião organizada. A maioria das religiões, no ocidente, também nos ensina a “única resposta correta”, a qual devemos aceitar com uma fé cega; pior ainda, tentam nos aterrorizar com ameaças de sermos queimados após a morte, tostando e fervendo no inferno se alguma vez ousarmos pensar por nós mesmos, de fato.

Depois de 18 a 30 anos de tudo isso, entramos no mercado de trabalho, e aprendemos a nos tornar, ou a tentar nos tornar, quase surdos, mudos e cegos. Devemos sempre dizer aos nossos “superiores” o que eles querem ouvir, o que veste seus preconceitos e/ou seus desejos fantasiosos. Se notamos algo que eles não querem saber, aprendemos a manter nossas bocas fechadas. Se não -

“Mais uma palavra, Bumstead, e você está despedido!”

Este rebanho humano começou com gênios em potencial, antes que a conspiração tácita da conformidade social enferrujasse seus cérebros. Todos eles podem se redimir dessa liberdade perdida, se trabalharem duro pra isso.

Eu trabalhei por isso por 50 ou mais anos até agora, e ainda acho partes de mim agindo como um robô ou um zumbi em algumas ocasiões. Aprender a “tornar-se o que se é” (como na frase de Nietzsche) leva o tempo de uma vida, mas ainda parece ser o melhor a se fazer.



Robert Anton Wilson


"A única sociedade possível é a dos amantes."

Rammed Rahab

Um fragmento de Hakim Bey sobre Max Stirner

"A tradução do título (e palavra-chave) da obra magna
de Max Stirner como ”O ego e o que a ele pertence”levou a uma sutil interpreta¸cão errônea de ”individualismo”. O termo anglo-latino "ego", vem carregado e oprimido com uma bagagem freudiana e protestante. Uma leitura cuidadosa de Stirner sugere que ”O Único e seu Próprio” refletiria melhor suas intenções, dado que ele nunca define o ego em oposição à libido ou ao id, ou em oposição à ”alma” ou ”espírito”. O Único (der Einzige), pode ser melhor construído simplesmente como o ”eu” individual."

Hakim Bey

Quem viu aquele filme...não sabe o que é constantine!





"[...]um vigarista de língua afiada, um mago aplicado, um punk sarcástico e um completo canalha."

Assim constantine está descrito no site da Devir, a sacrossanta editora graças à qual eu hoje posso deleitar-me com esta obra prima de Mr. Carey e CIA.



Repente irado dentro do ônibus em meio a um engarrafamento dantesco (eu lia "Caos, Terrorismo Poético e Outros Crimes Exemplares, de Hakim Bey)

Esses 'istas' da "esquerda" acham que conhecem o mundo porque o leram e tem uma cara feia de adorador de O capital, ou de qualquer livro que fale sobre libertar os oprimidos dos opressores.

Libertem-se vocês de toda merda que vocês são antes de querer libertar o mundo. Vocês, OS GRANDES INTELECTUAIS, não se sentem o opressor porque não detém o capital, nem o oprimido porque vocês leram muitos livros e vocês são os únicos do mundo que leram muitos livros, vocês são os únicos capazes de fornecer a receita da liberdade, vocês são um Deus ateu, um Cristo, um Moisés, uma entidade bíblica fantástica iluminada que tudo sabe e tudo vê e que guiará a humanidade pelo caminho da verdade, da luz e da liberdade.

Vocês são uns patéticos. Vocês são uns CAGÕES. "Caos, Terrorismo Poético, e Outros Crimes Exemplares" são pra quem sabe que sonha, não pra quem acha que vive. São pra quem entende de ilusão e não pra quem entende de materialismo ou dialética ou punheta ... E o Terrorismo Poético ainda vai sabotar essa existência vulgar que vocês chamam de realidade.

sábado, 1 de maio de 2010

Repentes

Acho curioso quando alguém me pergunta se faço arte realista ou não.


Quando é que esse povo vai entender que nenhuma arte é o espelho límpido da realidade?


Não é que não haja realidade. O caso é que arte é tão realidade quanto meu pau, entende? Realidade autônoma. Há infinitas realidades, todo mundo sabe disso, mas tem medinho de encarar a vertigem que isso dá. Assim nascem os fascistas e sua eterna busca pelo Eterno-Uno-Verdadeiro-Perene-Papai, e seu ódio figadal pela Natureza/Mãe.


Sobre a mente Fascista, leia:








Você acha que Flaubert espelha a tal realidade? Ou Machado de assis?


Toda arte que se preze traz em si o germe da transgressão.


Sobre essa "mania de espelho" ocidental, recomendo a seguinte obra:
RICAHRD RORTY. A Filosofia e o espelho da natureza.

Eu não escrevo coisinhas doidinhas e non-sense. Eu penso meus poemas e contos, e lido com linguagem mitológica e mística por um motivo bsatante racional: fui criado numa seita evangélica, e lá em casa só tinha Bíblia para ler. Resultado? Descobri o Apocalipse, e o li mais de trezentas vezes (encantado a cada leitura!).
Deu no que deu. Me expresso nma linguagem marcadamente místico-religiosa, mesmo quando ataco a religião e o tal misticismo.
Mas está tudo aí, é só ler. Política, psicologia, rebelião, oscambauaquatro.

Agora, mais lametável do que alguém que escreve coisas nen-sense para achar-se/parecer rebelde ou libertário, é quem escreve realismo chinfrim para se sentir rebelde ou libertário.

Veja, tem gente por aí que a cada dez palavras, 11 são "puta, asfalto, ônibus, botei um disco na vitrola". O engraçado é que quase ninguém tam mais a porra da vitrola, mas é chique ser retrô...

Sobre essa mania de imposição totalitária-narcísica de modos de ser e produzir, há um recorte do Thoreau:

"Se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor."

Bom, esses foram os meus repentes à la Baudelaire. Um abraço do seu amiguinho, câmbio, desligo.