sábado, 1 de maio de 2010

Repentes

Acho curioso quando alguém me pergunta se faço arte realista ou não.


Quando é que esse povo vai entender que nenhuma arte é o espelho límpido da realidade?


Não é que não haja realidade. O caso é que arte é tão realidade quanto meu pau, entende? Realidade autônoma. Há infinitas realidades, todo mundo sabe disso, mas tem medinho de encarar a vertigem que isso dá. Assim nascem os fascistas e sua eterna busca pelo Eterno-Uno-Verdadeiro-Perene-Papai, e seu ódio figadal pela Natureza/Mãe.


Sobre a mente Fascista, leia:








Você acha que Flaubert espelha a tal realidade? Ou Machado de assis?


Toda arte que se preze traz em si o germe da transgressão.


Sobre essa "mania de espelho" ocidental, recomendo a seguinte obra:
RICAHRD RORTY. A Filosofia e o espelho da natureza.

Eu não escrevo coisinhas doidinhas e non-sense. Eu penso meus poemas e contos, e lido com linguagem mitológica e mística por um motivo bsatante racional: fui criado numa seita evangélica, e lá em casa só tinha Bíblia para ler. Resultado? Descobri o Apocalipse, e o li mais de trezentas vezes (encantado a cada leitura!).
Deu no que deu. Me expresso nma linguagem marcadamente místico-religiosa, mesmo quando ataco a religião e o tal misticismo.
Mas está tudo aí, é só ler. Política, psicologia, rebelião, oscambauaquatro.

Agora, mais lametável do que alguém que escreve coisas nen-sense para achar-se/parecer rebelde ou libertário, é quem escreve realismo chinfrim para se sentir rebelde ou libertário.

Veja, tem gente por aí que a cada dez palavras, 11 são "puta, asfalto, ônibus, botei um disco na vitrola". O engraçado é que quase ninguém tam mais a porra da vitrola, mas é chique ser retrô...

Sobre essa mania de imposição totalitária-narcísica de modos de ser e produzir, há um recorte do Thoreau:

"Se um homem marcha com um passo diferente do dos seus companheiros, é porque ouve outro tambor."

Bom, esses foram os meus repentes à la Baudelaire. Um abraço do seu amiguinho, câmbio, desligo.


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