segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Poemas de Livros Hipotéticos: Hecatônquiros. Poema 2

2.
Pela fresta da página,,
pelos pêlos da epiderme
(branco-osso, linhas azuladas,
ventos gélidos surfando a face).

Memória, criação, reciclagem de palavras,
latidos de cães lactentes,
e um pulsar agonizante,
trasladando um pulsar suspenso em nebulosa.

[Tessitura, partitura, rompimento com o sorumbático emocional absoluto]

Tomo o pulso do poema,
e ainda há vida nele,
e se há nele, há em mim.

Latrina de todas as fezes,
Mãe-mor de todas as fossas fétidas,
concubina de Satanás num harém do inferno,

há um deslimite mas o jorro embora impetuoso sempre encontrará paredes e canais
por mais largos que esses sejam
(a língua, sintaxe, ser minimamente compreendido).

Entre solipsismo e comunicabilidade,
uma árvore cresce, com raízes espraiadas,
mil braços de Avalokiteshvara,
e em cada mão, um objeto,

um lutador cercado
cuja concentração da atenção
significa morte.

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