quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O ùltimo Cigarro

Neste pátio de convento
que não é meu, e hoje é faculdade,
fumo, só, o último cigarro da carteira,
e considero mais uma vez ser ele o último
da minha vida.

Mas a vida range, porta velha,
e eu sempre volto ao cigarro.

Lá fora um mar de corpos
cresce, numa cheia ininterrupta,
recebendo rios que desaguam
de ruas adjacentes.

Quando vaza, só os seres abissais,
luminescentes.

Seria muito rock'n'roll
se estourasse uma revolta
nesse mar, que é tão monótono,
e o dia naufragasse trôpego
em suas agendas,
e de todos os compromissos
só nos restasse o de vivermos melhor.

Os modernos shoguns em pânico!

É esse eol no cimento que me alucina,
não estoura nada.
Lá fora, só o marasmo e a rotina
da divisão social do trabalho
(e da arrecadação privada dos frutos).

E vai se acabando o meu último cigarro,
o meu mais santo remédio contra a náusea.

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