quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Espelhos Tortos

Espelhos tortos

Do seu carro japonês,
o homem olha para o ônibus
ao lado.
... O trânsito está paralisado,
e o ônibus, abarrotado.

Para onde vai essa gente?
De que buraco sai esse povo?
Onde eles passam a noite?

"Não sei,
só sei que Iraildes
chega lá em casa às sete.
Gosto de pontualidade,
aprendi na Suiça."

Aflito, o homem do carro japonês
olha o seu relógio de ouro.
No ônibus ao lado,
Iraildes nem percebe o carro japonês
do seu patrão.

Já deveria estar em casa, dormindo,
seu Clóvis cobrava pontualidade.
Mas fazer o que?

Ela não tinha carro japonês,
e a cidade não tinha trens suiços.

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