terça-feira, 24 de novembro de 2009

Saúdo a contingência, mutação, matéria, interdependência e impermanência. O amor incondicional ao movimento.
Saúdo aos deuses por eles serem muitos e tão temperamentais quanto eu, que estou cheio deles.
Saúdo aos dias, por durarem somente o espaço de um aurorocrepúsculo.
Saúdo as fezes e ao sêmem. Suor e muco.
Louvado seja o beijo profundo, ele mesmo um deus.
Saúdo a cópula, que, quando bem feita, é o maior dos deuses.
Saúdo ao universo que só é uni na cabeça enferma dos new-agers, crentes, cientófilos & tuti quanti.
Louvo ao poliverso pela sua inegável caoticidade e falta de sentido e finalidade.
Curvo-me ante o acaso & necessidade, os verdadeiros arquitetos do Universo(perdoem-me os maçons).
Saúdo a Morte, que nada mais é do que a vaga da mutação atingindo na sua passagem a nossa tão estimada auto-imagem.
Saúdo tudo que roda que gira que dança...
Saúdo a promiscuidade que há entre as partículas invisíveis, sempre cedendo isto, recebendo aquilo.
Saúdo meu professor de química do colegial,
Adilson ébrio pregando tudo às avessas dizendo que Einstein naquela foto da língua ostenta o dedo médio em riste, embora as câmeras não tenham capturado.
Saúdo zen, Tao, Jiddu, Exu que não tem cabeça para carregar fardo, Capra, Khayyam, Huxley, Buk, Muddy, Holiday, Cartola, Don Juan Matus, Coltrane, e todas as demais células que juntas formam esta serpente, que um dia se sacudiu e agitou a areia que dormitava no fundo do lago que sou eu,
Viva todos vocês!
Viva o Eu!
Até que a morte me escancare.

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