não sei ter o recato
da maior fatia dos nossos poetas.
quando fito o gato
algo me vem das panteras
e felinos extintos
que me lascera o peito
e não aceita comedimentos.
ler a pedra é possível,
e de-cifrar coisas
irrecifráveis em caracteres de imprensa.
a história da pedra é contada
em suas rugas entrâncias
em tranças de transe
em transas.
hora,
sob certa luz,
a pedra é um país cinzento,
com rios, defuntos fósseis
e encostas estonteantes.
reino de insalubridade,
eu o chamo Másdül.
sobre a palma, a pedra é Lingam,
fálico signo emanando não sei quê
que dá ganas de tacar fogo em mil Tróias.
não vejo como minha missão
desentranhar poesia da pedra.
apenas reflito:
já que a pedra
(símbolo do fixo e sizudo)
não é assim,
comedida como velha beata viúva,
porquê seria eu?
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