sábado, 30 de janeiro de 2010

O Veneno

Ricardo sorvia todo dia
Uma dose do Veneno,
Que o matava lentamente,
E em um ano o exterminaria.
Por que tomava? Não sabia,
Sua dama também não,
Mas tomava, também ela,
E seu Flavinho, ano que vem,
começaria.

***

"A Virtude", como chamavam a bebida,
Pertencia ao Supremo De Cada Um,
E o deles era Carlos:
Homem forte, rosado, robusto,
e sobretudo risonho.

***

Um dia, meio do ano,
Organizados, embandeirados em bandos,
Um grupo seduziu
Ricardo e família.
O plano engenhoso o empolgou
E fez arder seu coração:
Matar todos os Supremos de Cada Um,
E roubar o "Remédio",
Que guardavam no armário da cozinha.

***

Não me delongo no processo,
Pois já fisga-me o sono
E escasseia-me o vinho.
Mas o fato é que fizeram,
Cumpriram o programa:
Deram cabo dos chefes,
E roubaram os venenos.

***

Mas ao fim e ao cabo,
Algo aconteceu de interessante:
Todos empossados do Veneno
Decidiram continuar tomando-o.
Todos, menos Ricardo,
e família,
Que a contragosto dos Líderes do levante,
Estourou a garrafa malsã
Na cabeça do adormecido Supremo,
E ateou fogo na sua casa,
Com ele, veneno, e tudo.

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