quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O câncer nosso de cada dia



postes são nuvens
e uma brisa primaveril
varre um prédio comercial

postes são postes
e a brisa varre o lixo da pressa
enquanto o prédio mantém-se inexorável
digerindo o caos da economia global

o cântico das vespas rasgando a face fogo do dia
fezes gângsters flores gatos
páginas amarelecidas boiando na água cotidiana
a seda azul do céu embalando berços de nuvens

alguns homens já desistiram de trepar
outros de fazer versos

o câncer mastigando ossos
os out-doors lambendo testículos
bocetas enormes triturando cruzes

e a grama espada verde
rompendo o cimento com gentileza invencível
& um pouco de tática

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